sábado, 30 de maio de 2009

Arte comtemporânea

Gauge, de Philip Napier.

Museu da Apartheid, Johannesburg, janeiro de 2007. No acesso ao interior do museu, uma instalação artística: um espaço circular, relativamente amplo, de paredes altas – como um grande cilindro – bem iluminado. Do alto do teto descem cabos de aço sustentando uma balança há uns 2 metros do chão; pendurados às balanças estão grandes alto-falantes, quase rentes ao chão. O espaço convida a entrar e passear em torno do núcleo, onde estão "sendo pesados" os alto-falantes, enquanto emitem ruído de água corrente e agradecimentos insistentes: "thank you". Creio que minha interação com esta intervenção no Museu, bem como a visita ao mesmo a partir dessa experiência, foi enriquecida por um detalhe simples: em nenhum momento passou pela minha cabeça a pergunta "que significa isso?"; antes, a vivência imediata do espaço e seu efeito sobre mim levou-me a perceber a pergunta brotando: "o que (me) aconteceu aqui?".

Trata-se da instalação Gauge de Philip Napier, concebida como um protesto contra a defensiva do Governo Britânico em relação à ação militar durante um manifesto pacífico em favor dos Direitos Humanos em Derry, Irlanda, em 30 de janeiro de 1982. Na ocasião, 14 pessoas foram assassinadas, no dia que se tornou conhecido como "Bloody Sunday". Desde 16 de dezembro de 2006, comemorando o Dia da Reconciliação, a instalação está em exposição no Museu do Apartheid, em Johannesburgo (cf. www.apartheidmuseum.org).